domingo, 28 de setembro de 2008

Reciclagem musical XV

Esta 15ª reciclagem é um pouco a continuação da 11ª, uma vez que se trata de mais uma canção dos britânicos Keane, chamada Broken Toy do seu segundo álbum Under the iron sea (2006), e desenvolve uma temática frequente nas suas canções, o desgaste das relações entre pessoas que são muito próximas há muito tempo.

"Broken Toy"

I think you know
Because it's old news
The people you love
Are hard to find
So I think if I
Were in your shoes
I would be kind

I look out for you
Come rain, come shine
What good does it do?
I guess I'm a toy that is broken
I guess we're just older now

I want to stay
Another season
See summer upon
This sorry land
So don't dust off your gun
Without a reason
You understand

I look out for you
Come rain, come shine
What good does it do?
I guess I'm a toy that is broken
I guess we're just older now

Who says the river can't leave its waters?
Who says you walk in a line?
Who says the city change its borders?
Who says you're mine?

I look out for you
Come rain, come shine
What good does it do?
I guess I'm a record you're tired of
I guess we're just older now
I guess I'm a toy that is broken
I guess we're just older now

É quase assustador como as pessoas tomam as outras como garantidas. Como partem do pressuposto de que as pessoas estarão sempre presentes, apenas pelo facto de sempre terem estado. Como se os outros não fossem mais do que um cenário vivo sem vontade própria, sempre a nossa disposição. E à medida que o tempo passa e as pessoas perdem a capacidade de nos surpreender, fazem a tanto tempo parte da nossa vida que já não sabemos (se alguma vez soubemos) como era a vida sem elas. E esquecemo-nos de lhe dar valor. Arrumamo-las no fundo do baú das recordações, dos dados adquiridos, e partimos em busca de algo mais entusiasmante noutras paragens, supondo que quando voltarmos (e sobretudo quando voltarmos magoados de uma viagem que correu especialmente mal) estarão lá tal como estavam à nossa espera como sempre estiveram. Mas as pessoas à nossa volta são mais do que parte do cenário: têm sentimentos próprios e não gostam de se sentir parte do cenário que são é chamado a acção para curar feridas alheias. E desistem de esperar, também elas podem partir em busca de algo novo. E muitas vezes só quando as tivermos perdido de vez, saberemos quando nos faziam falta.

domingo, 21 de setembro de 2008

Reciclagem musical XIV

Continuando no ano de 2007, escolhi para esta reciclagem musical uma canção dos Britânicos Kaiser Chiefs, do seu 2º álbum Yours Truly Angry Mob, chamada The Angry Mob. Este grupo tem abordado a temática da violência nos centros urbanos, quer neste álbum quer no ser precedente (Employment de 2005) e esta canção é um bom exemplo disso.

"The Angry Mob"

I can prove anything
I'll make you admit again and again
I can prove anything
The way that it's read again and again

And its only cos you came here with your brothers too
If you came here on your own you'd be dead
Its only cos you follow what the others do
Its no excuse to say your easily lead

You can choose anything
You choose to lose again and again
You could do anything
Why should you do anything again

And its only cos you came here with your brothers too
If you came here on your own you'd be dead
Winding yourself up until your turning blue
Repeating everything that you've read

And here we go with the letter
Well can you fix it for me
Cos we need entertainment
To keep us all off the streets
So tonight you'll sleep softly in your bed

You can try anything
And no-one would know apart from you and me
You can stop anything
It's starts with just one and turns to two then three

Its only cos you came here with your brothers too
If you came here on your own you'd be dead
Raise a glass or two
You raise a fist or two
Get a shopping basket wrapped round your head

So here we go with the letter
Oh can you fix it for me
The 24 hour drinking
To keep us all off the streets
So tonight you'll sleep softly in your bed

We are the angry mob
We read the papers everyday day
We like who like
We hate who we hate
But we're also easily swayed

Esta canção acaba do descrever com uma notável precisão o comportamento das multidões, ou desta multidão em particular a que ele se refere e que poderia simbolizar tantas outras. Onde as pessoas se deixam levar pelo comportamento dos outros, refugiando-se assim no anonimato que o colectivo lhes proporciona, como se procurassem o sentimento de pertencer a algum lado e a ocupação que de outro modo não teriam. Ao mesmo tempo que defendem ideias que não são suas, que de facto pouco importam e pouco valem e que são tão vazias de sentido e de significado que pouco restará delas no dia seguinte, quando a multidão se desfizer e a vida seguir o seu curso.

quarta-feira, 10 de setembro de 2008

Reciclagem musical XIII

Continuando um pouco na linha destas reciclagens de músicas recentes escolhi uma canção dos norte-americanos The National, do ser álbum Boxer de 2007, intitulada Mistaken for strangers. Este grupo tem várias canções com letras bastante interessantes, nas quais adoptam um tom satírico acerca de vários aspectos da sociedade que são assim sujeitos a uma critica mais ou menos feroz.

Mistaken for strangers

You have to do it running but you do everything that they ask you to
cause you don’t mind seeing yourself in a picture
as long as you look faraway, as long as you look removed
showered and blue-blazered, fill yourself with quarters
showered and blue-blazered, fill yourself with quarters

You get mistaken for strangers by your own friends
when you pass them at night under the silvery, silvery citibank lights
arm in arm in arm and eyes and eyes glazing under
oh you wouldn’t want an angel watching over
surprise, surprise they wouldn’t wannna watch
another uninnocent, elegant fall into the unmagnificent lives of adults

Make up something to believe in your heart of hearts
so you have something to wear on your sleeve of sleeves
so you swear you just saw a feathery woman
carry a blindfolded man through the trees
showered and blue-blazered, fill yourself with quarters
showered and blue-blazered, fill yourself with quarters

You get mistaken for strangers by your own friends
when you pass them at night under the silvery, silvery citibank lights
arm in arm in arm and eyes and eyes glazing under
oh you wouldn’t want an angel watching over
surprise, surprise they wouldn’t wannna watch
another uninnocent, elegant fall into the unmagnificent lives of adults


Esta canção fala-nos num tom algo cruel, acerca do dilema de muitas pessoas: ao mesmo tempo querem e não querem ser vistas. Tal como não se importam de não ser que mais imagens de um fundo desfocado de uma fotografia, são parte de um cenário, imagens anónimas por entre as luzes e animação nocturna característica das grandes e movimentadas cidades, correndo sempre um de lado para outro, sem destino nem objectivo certo, acendo a sempre aos pedidos alheios, vivendo vidas tão apressadas quanto vazias de significado. Pessoas quem falta o sentido de identidade, já que ninguém de facto as conhece, são iguais e indistinguíveis de todas as outras que cruzam as ruas todos os dias. Pessoas essas que ao mesmo tempo sonham pela companhia que não sentem dos outros à sua vida, estando dispostas a acreditar em fantasias que as consolem ou distraiam da amarga solidão que pauta as suas vidas.

sábado, 6 de setembro de 2008

Fotografias - Postal II

Depois de algumas viagens em 2008, chegou a altura de mostrar mais uma pequena seleção de Fotografias dos lugares por onde eu passei este ano.








Pálacio de Schönbrunn, Viena, Austria








Vista do centro histórico de Salzburgo, Salzburgo, Austria










Parlamento Húngaro, Budapeste, Hungria

quinta-feira, 4 de setembro de 2008

Reciclagem musical XII

Se 11ª reciclagem tinha pouco de reciclagem, esta 12ª ainda o tem menos, já que esta canção é ainda mais recente, neste caso do início de 2005, e pertence ao álbum de estreia da banda Finlandesa Poets of the Fall, Signs of Life. Estes senhores não são poetas apenas nome, e esta Illusion and Dream é um bom exemplo disso.

Illusion and Dream

Look in my eyes
I'll make you see
We're drifting aimlessly
Blind in a world of make believe

Hear them sing their songs off key
N' nod like they agree
Buying the need to be discreet

I've got no hand in matters worldly,
I hardly care at all
What's going on fails to concern me,
Cos I'm locked behind my wall
But you know what drives me out
Out of my mind

It's whatever makes you see, makes you believe
And forget about the premonition you need to conceive
That the images they sell are illusion & dream
In other words dishonesty

If I speak Ill, please, humour me
Won't rant on endlessly
Just thought I'd try to make you see
It doesn't solve a thing to dress it in a pretty gown
A stone will not need you to guess if
You're still going to drown
So you know what drives me out
Out of my mind

It's whatever makes you see, makes you believe
And forget about the premonition you need to conceive
That the images they sell are illusion & dream
In other words dishonesty

So can you name your demon?
Understand its scheming
I raise my glass and say "here's to you"
Can you chase your demon?
Or will it take your freedom?
I raise my class and say "here's to you"

I've got no hand in matters worldly,
I hardly care at all
What's going on fails to concern me,
Cos I'm locked behind my wall
But you know what drives me out
Out of my mind

It's whatever makes you see, makes you believe
And forget about the premonition you need to conceive
That the images they sell are illusion & dream
In other words dishonesty
It's whatever makes you see, makes you believe
And forget about the premonition you need to conceive
That the images they sell are illusion & dream
In other words dishonesty

With Silence comes Peace
With Peace comes Freedom
With Freedom comes Silence


Apesar de podermos questionar o pessimismo desta canção, não deixa de dar que pensar se não acaba por aproximar a da verdade, pelo menos em alguns aspectos. Se muitas vezes o destino da humanidade não parece andar a deriva sem destino, como um barco perdido em dia de tempestade, e nós parecemos viver num mundo em que nada é realmente o que parece. E, no entanto acabamos por aceitar o que ouvimos dizer a nossa volta, por muito que não estejamos de acordo, apenas para não destoarmos do conjunto, para passarmos discretamente no meio da multidão e assim podermos viver a nossa vida em paz. E fechamo-nos na nossa concha, no nosso mundo e dos nossos pensamentos, mantendo a nossa visão crítica da realidade que ninguém parece levar muito a sério. No nosso mundo privado já existem demónios suficientes, que toldam o nosso juízo critico, no fundo a nossa liberdade. E no meio disto sentimo-nos bombardeados por imagens distorcidas, completamente ilusórias, cheias de um optimismo dificilmente justificável de uma realidade da qual acabamos por nos sentir longe.