terça-feira, 23 de dezembro de 2008

Reciclagem musical XXV

Nesta 25ª reciclagem musical decidi continuar a 12ª reciclagem musical, trazendo mais uma canção dos Finlandeses Poets of the Fall e novamente do seu álbum de estreia Signs of Life (2004). Esta canção chama-se Shallow e é na minha opinião uma das mais belas e interessantes canções deste album e reflecte o modo como as pessoas muita vezes se relacionam com o mundo à sua volta.

"Shallow"

More in my face than is my taste
I grow so weary
I'll surrender to what they say
Let them lead the way
Till' I can no longer remember my darling dreams
Prewritten scenes,
whatever felt my own
So to save face
I'll take my place
Where I may safely feel alone

Glad the waters are so shallow
When the river runs so cold
Glad the waters are so shallow
When the river runs cold

Glad the waters are so shallow
When the river runs so cold
Glad the waters are so shallow
When the river runs cold

I'm quick to wait, and so to hate
They call me gracious for my patience
And I feel proud under that shroud
And all the while it's all evasion
Some humour here to fend off fear
And I'm a little more lost, oh dear
So to save face
I'll hold my place
So I may safely feel alone

Glad the waters are so shallow
When the river runs so cold
Glad the waters are so shallow
When the river runs cold

Glad the waters are so shallow
When the river runs so cold
Glad the waters are so shallow
When the river runs cold

Faz parte da vida convivermos com vários de grupos de pessoas dos quais acabamos por fazer parte por este ou aquele motivo. Mas com demasiada frequência quanto mais acompanhados estamos, mais sozinhos nos sentimos. Acabamos por ouvir as opiniões dos outros, deixá-los tomar as decisões, calamos os nossos pensamentos e os nossos sonhos para quando estivermos sozinhos com os nossos pensamentos, única altura em que poderemos estar finalmente em paz, sem ter que representar o nosso papel e sem que tenhamos de nos esconder por detrás da mascara protectora que envolve a nossa vida social. Na qual somos perfeitos a representar, somos seres dóceis e pacientes, secretamente orgulhosos da nossa conteção e paciência a roçar o estoicismo, disfarçamos o medo e a insegurança o melhor que somos capazes, à medida que nos vamos sentidos cada vez mais perdidos e desenquadrados naquele contexto. No fundo sentimo-nos gratos de darmos tão pouco de nós a estas pessoas à volta, se sentimos tudo tão pouco como nosso, já que não nos identificamos com o que ouvimos à nossa volta, não estamos minimamente ligados a todas estas pessoas, elas existem, fazem parte dos nossos dias mas não são nada para nós a não ser rostos e vozes familiares que são parte do cenário das nossas vidas.

sábado, 20 de dezembro de 2008

Antologia Cinematográfica de 2008

Continuando os balanços de fim de ano, vou passar em revista os filmes que vi no cinema este ano. Tal como na antologia do ano anterior, esta lista corresponde apenas aos filmes que eu achei que valeu a pena ter ido ver. Este ano não foi muito bom em termos de cinematograficos e os filmes que vou recordar nesta antologia são relativamente poucos. No entanto, apesar de tudo este ano vi alguns filmes que ficaram na minha memoria como alguns dos melhores que já vi.

1) Call Girl (Call girl) – (3 estrelas)
2) O sonho de Cassadra (Cassandra’s dream) – (5 estrelas)
3) Expiação (Atonement) – (3 estrelas)
4) Detenção secreta (Rendition) – (4 estrelas)
5) Vista pela última vez (Gone baby gone) – (4,5 estrelas)
6) Michael Clayton: uma questão de consciência (Michael Clayton) – (3 estrelas)
7) No vale de Elah (In the valley of Elah) – (4 estrelas)
8) Duas irmãs, um rei (The other Boleyn girl) – (4 estrelas)
9) P. S. – I love you (P. S. – I love you) – (4 estrelas)
10) Persépolis (Persépolis) – (5 estrelas)
11) O cavaleiro das trevas (The dark knight) – (5 estrelas)
12) Crepúsculo (Twilight) – (3,5 estrelas)
13) Ensaio sobre a cegueira (Blindness) – (4 estrelas)
14) A Turma (Entre les murs) – (4 estrelas)

Antologia literária de 2008

O final do ano é tempo de balanços, e à medida que 2008 se aproxima do fim resolvi deixar-vos, tal como fiz em 2007, a minha antologia literária deste ano. Este ano foi pródigo em leituras, de umas gostei muito, de outras nem tanto, mas vale sempre a pena rever os 30 livros que li neste ano de 2008.

1) José Norton – O Ultimo Távora
2) Joanne Harris – Os sapatos de rebuçado
3) Julliet Marillier – O poço das sombras
4) Bernard Cornwell – Sharpe e a campanha de Salamanca
5) Richard Dawkins – The ancestor’s tale
6) Arturo Pérez-Reverte – O sol de Breda
7) C. J. Sansom - Dissolução
8) John Buchan – The 39 steps
9) Bernard Cornwell – Sharpe’s honour
10) Eça de Queiroz – Alves e companhia
11) Marion Zimmer Bradley – Lady of Avalon
12) José Manuel Saraiva – Aos olhos de Deus
13) Peter Cheney – Este homem é perigoso
14) Colleen McCullough – A viagem de Morgan
15) Richard Dawkins – Decompondo o arco-íris
16) C. J. Sansom – Revelation
17) Bernard Cornwell – Sharpe’s prey
18) Oscar Wilde – O crime de Lord Arthur Savile e outras historias
19) Richard Dawkins – O relojoeiro cego
20) Miguel Sousa Tavares – Rio das flores
21) Colleen McCullough – O Primeiro Homem de Roma I – O Amor e o poder
22) Richard Lewontin, Steven Rose, Leon Kamin – Genética e Politica (Titulo original: Not in our genes: Biology, ideology and the human nature)
23) Stephenie Meyer – Eclipse
24) Júlio Machado Vaz – O sexo dos anjos
25) Colleen McCullough – Pássaros Feridos
26) Bernard Cornwell – Sharpe’s Regiment
27) Arturo Pérez-Reverte – O ouro do rei
28) José Rodrigues dos Santos – A filha do capitão
29) Marion Zimmer Bradley – The mists of Avalon – Book I - The mistress of magic
30) José Saramago – O ano da morte de Ricardo Reis

Reciclagem musical XXIV

Continuando a 23ª reciclagem musical, escolhi mais uma canção do Álbum A Fever You Can’t Sweat Out dos norte-americanos Panic! At the disco, intitulada "Bluid God, Then we'll Talk"

"Build God, Then we'll Talk"

It's these substandard motels on the (lalalalala) corner of 4th and Fremont Street.
Appealing only because they are just that un-appealing
Any practiced catholic would cross themselves upon entering.
The rooms have a hint of asbestos and maybe just a dash of formaldehyde,
And the habit of decomposing right before your very (lalalala) eyes.

Along with the people inside
What a wonderful caricature of intimacy
Inside, what a wonderful caricature of intimacy

Tonight tenants range from: a lawyer and a virgin
Accessorizing with a rosary tucked inside her lingerie
She's getting a job at the firm come Monday.
The Mrs. will stay with the cheating attorney
moonlighting aside, she really needs his money.
Oh, wonderful caricature of intimacy.
Yeah (Yeah)

And not to mention, the constable, and his proposition, for that virgin
Yes, the one the lawyer met with on "strictly business"as he said to the Mrs.
Well, only hours before,after he had left, she was fixing her face in a compact.
There was a terrible crash (There was a terrible crash)
Between her and the badge
She spilled her purse and her bag, and held a "purse" of a different kind.

Along with the people inside
What a wonderful caricature of intimacy
Inside, what a wonderful caricature of intimacy

There are no raindrops on roses and girls in white dresses.
It's sleeping with roaches and taking best guesses
At the shade of the sheets and before all the stains
And a few more of your least favorite things.

Se os lugares que a esta canção começa por descrever pudessem falar e contar-nos o que viram dos seus habitantes, contariam certamente muitas histórias como esta. Histórias de vidas duplas, de encontros clandestinos, de situações que todos sabem que existem, mas que preferem fingir que não existem a bem das aparências. Do mesmo modo que ignoram estes lugares, que mais não são do que o espelho da degradação das vidas daqueles que os habitam momentaneamente. Como este advogado, que procura algo se pareça vagamente com amor, quem sabe se na tentativa de por momentos sentir-se menos só. Como esta mulher que, por necessidade, baixa auto-estima, demasiadas desilusões na vida, ou talvez um pouco de tudo isto e muito mais, se sujeitam a esta situação humilhante em troca de um emprego. Ou ainda como a mulher do advogado, que sabe de toda a situação e sofre por isso, mas que depende economicamente deste, que acaba por encolher os ombros e deixar o tempo passar, sem ânimo para procurar outro rumo na vida. Neste falso triângulo amoroso, o amor e precisamente a única coisa que de todo não encontra lugar, já que nenhum deles está minimamente apaixonado, tudo é feito com um objectivo claro, um interesse (emprego, dinheiro o que for) definido à cabeça, que traz consigo um preço a pagar. Tudo isto seria caricatural se não estivessem em jogo as vidas e os sentimentos de três pessoas, que há muitos perderam a inocência e as ilusões e têm de lidar com uma realidade que nada a tem ver com aquilo que um dia sonharam.

domingo, 14 de dezembro de 2008

Reciclagem musical XXIII

Nesta vigésima terceira reciclagem musical, recuamos um pouco no tempo até 2005, ano em que os norte-americanos Panic!At the disco editaram o seu album de estreia, “A fever you can’t sweat out”, que inclui algumas canções interessantes como é o caso desta “I Constantly Thank God For Esteban”.

“I Constantly Thank God For Esteban”

Give us this day our daily dose of faux affliction
Forgive our sins
Forged at the pulpit with forked tongues selling faux sermons.
'Cause I am a new wave gospel sharp, and you'll be thy witness
So gentlemen, if you're gonna preach, for God sakes preach with conviction!

Strike up the band! Whoa-oh, the conductor is beckoning
Come congregation, let's sing it like you mean it
No. Don't you get it, don't you get it? Now don't you move.
Strike up the band! Whoa-oh, the conductor is beckoning
Come congregation, let's sing it like you mean it
No. Don't you get it, don't you get it?
Now don't you move.Just stay where I can see you.
Douse the lights!

We sure are in for a show tonight
In this little number we're graced by two displays of character,
We've got: the gunslinger extraordinaire walking contradictions
And I for one can see no blood from the hearts and the wrists you allegedly slit
And I for one wont stand for this if this scene were a parish you'd all be condemned.

Strike up the band! Whoa-oh, the conductor is beckoning
Come congregation, let's sing it like you mean it
No. Don't you get it, don't you get it? Now don't you move.
Strike up the band! Whoa-oh, the conductor is beckoning
Come congregation, let's sing it like you mean it
No. Don't you get it, don't you get it? Now don't you, don't you move.
Just stay where I can see you
Douse the lights!

We sure are in for a show tonight
Just stay where I can see you
Douse the lights!We sure are in for a show tonight
Stay where I can see you
Douse the lights!

Esta canção retrata magnificamente uma situação mais frequente do que se possa pensar: a fraude religiosa. Situação que seria ridícula, se não fosse tão séria, por explorar emocionalmente e frequentemente também financeiramente um número crescente de pessoas nos países ocidentais. Estas seguem frequentemente líderes carismáticos, com discursos tão fervorosos quanto ocos, que se montam por vezes autênticos espectáculos com êxtases e milagres fictícios mas elaborados de modo a atrair novos crentes. Estas seitas religiosas aproveitam-se da não só da ingenuidade de muitas pessoas, cujo pensamento é dominado pela superstição e pelo obscurantismo, mas muitas vezes também de situações de vida precárias, ou pessoas emocionalmente vulneráveis, a quem falta o discernimento e o cepticismo para verem que tudo não passa de teatro, de exibição, e que de facto nada significa.

domingo, 7 de dezembro de 2008

Reciclagem musical XXII

Continuando em 2008, e na sequência da 14ª reciclagem musical e do percurso musical dos britânicos Kaiser Chiefs, escolhi uma canção do seu terceiro álbum Off with their heads, que continua o espírito critico dos dois albums anteriores (Employment e yours truly angry mob) como se pode ver nesta Never miss a beat (o primeiro single deste novo álbum).

“Never miss a beat”

What did you learn today?
I learned nothing
What did you do today?
I did nothing
What did you learn at school?
I didn't go
Why didn't you go to school?
I don't know

It's cool to know nothing
It's cool to know nothing

Television's on the blink
There's nothing on it
I really want to really big coat
With words on it
What do you want for tea?
I want crisps
Why didn't you join the team?
I just didn't

It's cool to know nothing
It's cool to know nothing

Take a look, take a look, take a look
At the kids on the street
No they never miss a beat
No they never miss a beat
Never miss a beat
Never miss a beat, beat, beat, beat

Here comes the referee
The light's flashing
Best bit of the day
Now that's living
Why don't you run away?
Are you kidding?
What is the golden rule?
You say nothing

It's cool to know nothing
It's cool to know nothing

Take a look, take a look, take a look
At the kids on the street
No they never miss a beat
No they never miss a beat
Never miss a beat
Never miss a beat, beat, beat, beat


Se o caso não fosse tão serio, seria hilariante. Não é preciso esforçarmo-nos muito para constatar que a canção descreve a mentalidade de muitas pessoas jovens hoje em dia. Mentalidade que acaba por valorizar a ignorância (It’s cool to know nothing) e desprezar a cultura e o conhecimento, concentrando a sua atenção em futilidades. Encontramo-los preocupados em seguir a moda ditada pela televisão, seguindo padrões definidos de um modo rígido, como que criando grupos de pessoas sem identidade própria a não ser protótipo fechado e acéfalo de determinado grupo. Pessoas a quem a escola diz muito pouco senão como meio de socializar ou de passar o tempo, que vivem para o presente e o futuro imediato, sem nenhum projecto de vida, e que vivem com uma ideia (que a escola a própria sociedade acabam muitas vezes por reforçar) de total desresponsabilização e completa impunidade perante a autoridade e a ordem social, esperando que tudo lhes seja conseguido sem terem que fazer muito por isso, nunca tendo de se preocupar com as consequências do que fazem. Pergunto-me que capacidade terão estas pessoas de um dia saírem do seu casulo e enfrentarem as responsabilidades de uma vida adulta, sem adoptarem um objectivo a longo prazo, e sem construírem a sua própria visão do mundo, tendo em mente algo mais que o aqui e o agora. E aobretudo sem que compreendam que os seus actos têm consequências e que no mundo real nada é adquirido sem esforço.

sábado, 6 de dezembro de 2008

Reciclagem musical XXI

Esta 21ª reciclagem musical é a continuação da anterior, uma vez que escolhi mais uma canção do terceiro álbum dos britânicos Keane, Perfect Symmetry (2008), chamada Playing along, que, na minha opinião, descreve de um modo extraordinariamente preciso o estado de alienação em que as muitas pessoas acabam por se refugiar quando se deparam com uma realidade que as assusta e que tantas vezes foge à sua compreensão.

“Playing along”

At the start of the news day
The fires beginIn words and in pictures
But I'm not listening
I'm not taking it in

I'm going to go to the country
Where nothing goes on
Going to bury my head
Where I can't hear the sound of bombs
Playing along

Me, I'm just playing along
You and I, so many good people
All just playing along

I'm going to go to a bar
Where the jukebox is on
Going to shut out the noise
With a rock 'n' roll song
Playing along

I'm going to turn up the volume
I'm going to turn up the volume
I'm going to turn up the volume
Till I can't even think

Tell us a tale of the proud and the free
Sing us a swing time American melody
From “Follow The Fleet”

Me, I'm just playing along
You and I, a billion people
All just playing along

I'm going to turn up the volume
I'm going to turn up the volume
I'm going to turn up the volume
Till I can't even think

Todos os dias somos bombardeados com notícias do que se passa no mundo. Através da televisão entram nas nossas vidas as tragédias ocorridas por esse mundo fora, chegam-nos imagens de uma grande violência que nos impressionam, que nos assustam, que nos chocam profundamente. E encontram-se tão longe da nossa realidade que não nos parecem possíveis de ocorrer no mesmo que nos vamos vivendo calmamente o nosso dia-a-dia. Acabamos por vê-las um pouco como se de um filme ou de pesadelo animado se tratassem, desligamos do seu conteúdo, estamos demasiado longe (ou queremos acreditar que estamos) para tomarmos verdadeiramente consciência do quem significam do que realmente esta a acontecer algures e tudo o que isso possa implicar. Desligamos do mundo, refugiando-nos na nossa realidade protegida, ocupando a nossa mente com a realidade a nossa volta, tentando inconscientemente, criar ruído de fundo que abafe os nossos sentimentos, que nos proteja da angustia de algo que nos perturba, que tantas vezes nos soa irracional e absurdo, tanto quais absurdas nos soam as explicações destinadas a justificar o injustificável. E assim vamos vivendo, tantos de nós, centenas, milhares, milhões de boas pessoas, dia após dia, flutuando na corrente, deixando-nos levar, fechados na nossa concha, somos os piores cegos por não querermos ver o que nos é posto à frente todos os dias.

quarta-feira, 3 de dezembro de 2008

Reciclagem musical XX

Esta 20ª reciclagem é a mais recente até agora. No seguimento da 11ª e 15ª reciclagens musicais, e igualmente no seguimento da carreira dos britânicos Keane, escolhi uma canção do seu terceiro Álbum Perfect Symmetry, editado a 13 de Outubro de 2008, chamada igualmente Perfect Symmetry (tendo dado nome ao álbum por ser a favorita da banda).

“Perfect Symmetry”

I shake through the wreckage for signs of life
Scrolling through the paragraphs
Clicking through the photographs
I wish I could make sense of what we do
Burning down the capitals
The wisest of the animals

Who are you? What are you living for?
Tooth for tooth, maybe we’ll go one more
This life, is lived in perfect symmetry
What I do, that will be done to me

Read page after page of analysis
Looking for the final score
We’re no closer than we were before

Who are you? What are you fighting for?
Holy truth? Brother I choose this mortal life
Lived in perfect symmetry
What I do, that will be done to me

As the needle slips into the run-out groove
Love - maybe you’ll feel it too
And maybe you’ll find life is unkind
And over so soon
There is no golden gate
There’s no heaven waiting for you

Oh boy you ought to leave this town
Get out while you can the meter’s running down
The voices in the streets you love
Everything is better when you hear that sound

Spineless dreamers hide in churches
Pieces of pieces of rush hour buses
I dream in emails, worn-out phrases
Mile after mile of just empty pages
Wrap yourself around me

Wrap yourself around me
As the needle slips into the run-out groove
Maybe I’ll feel it too
Maybe you’ll feel it too
Maybe you’ll feel it too
Maybe you’ll feel it too
I dream in emails, worn out phrases
Mile after mile of just empty pages

Se pararmos para pensarmos um pouco no estado do mundo à nossa volta, facilmente constatamos a pertinência destas observações. Todos os dias no chegam noticias de vários focos de conflito no mundo, guerras que se prolongam no tempo durante anos ou mesmo décadas em ofensivas e contra-ofensivas sucessivas, das quais ninguém parece sair vencedor, mas cujos vencidos são muitos óbvios: todos aqueles que apenas estavam no local errado à hora errada são todos os dias vítimas destas escaladas de violência que assolam o mundo em que vivemos e que marcam a ferro e fogo tantos lugares em espirais de ódio e violência que se auto-alimentam. Não seremos nós, o mais sensato dos animais, capazes de algo melhor do que esta lógica destrutiva e irracional de olho por olho e dente por dente? A História recente e não se mostra animadora e as perspectivas para o futuro não são melhores. E para tal muito contribui a problemática do fanatismo religioso que se encontra tantas vezes associado a estes conflitos, levando as pessoas a cometer as maiores atrocidades em nome de alguma entidade divina tantas vezes à custa de vidas inocentes.

Reciclagem musical XIX

Para esta reciclagem musical eu escolhi uma canção da cantora inglesa Dido do seu segundo álbum, Life for rent, de 2003, chamada igualmente Life for rent, cuja letra é na minha opinião não só de uma grande beleza, como também apresenta uma visão muito particular acerca da vivência das pessoas.

"Life For Rent"

I haven't ever really found a place that I call home
I never stick around quite long enough to make it
I apologize that once again I'm not in love
But it's not as if I mind that your heart ain't exactly breaking
It's just a thought, only a thought

But if my life is for rent and I don't learn to buy
Well I deserve nothing more than I get
Cos nothing I have is truly mine

I've always thought that I would love to live by the sea
To travel the world alone and live more simply
I have no idea what's happened to that dream
Cos there's really nothing left here to stop me
It's just a thought, only a thought

But if my life is for rent and I don't learn to buy
Well I deserve nothing more than I get
Cos nothing I have is truly mineIf my life is for rent and I don't learn to buy
Well I deserve nothing more than I get
Cos nothing I have is truly mine

While my heart is a shield and I won't let it down
While I am so afraid to fail so I won't even try
Well how can I say I'm alive

If my life is for rent and I don't learn to buy
Well I deserve nothing more than I get
Cos nothing I have is truly mineIf my life is for rent and I don't learn to buy
Well I deserve nothing more than I get
Cos nothing I have is truly mine
Cos nothing I have is truly mine
Cos nothing I have is truly mine
Cos nothing I have is truly mine

Passamos pela vida quase sem nos apercebermos disso, vamos vivendo ao sabor da maré para o imediato, cumprindo o que nos é exigido em cada momento sem ter nenhum objectivo, nenhum sonho que guie a nossa vida, que nos faça lutar por algo a que pudéssemos chamar nosso. Vivemos em lugares que nada significam, porque nada fizemos por eles, não são o produto dos nossos sonhos ou da nossa luta, existem simplesmente, mas não nos pertencem por nada significarem para nós. Esquecemo-nos dos nossos sonhos algures no caminho, demasiado compenetrados talvez dos meios para os atingir, e quando os poderíamos de facto concretizar se constatamos que se tornaram completamente vazios de significado. Não nos atrevemos a sair da concha da rotina previsível e vazia das nossas vidas para tentar outros voos, tememos demasiado o fracasso para ousarmos procurar um novo significado para as nossas vidas, e deixamo-nos ficar, sobrevivemos em viver, vivemos como ela tão elegantemente diz, vida alugadas que não aprendemos a comprar.