domingo, 12 de agosto de 2007

Reciclagem musical II


Continuando o processo de retirar do armário as musicas que o meu pai tanto gostava e me ensinou a gostar, vim a deparar-me com algumas coisas curiosas. Uma delas é esta canção dos Beatles de 1965 chamada Nowhere man.

“He's a real nowhere man,
Sitting in his nowhere land,
Making all his nowhere plans
For nobody.

Doesn't have a point of view,
Knows not where he's going to,
Isn't he a bit like you and me?

Nowhere man, please listen,
You don't know what you're missing,
Nowhere man, the world is at your command.

He's as blind as he can be,
Just sees what he wants to see,
Nowhere man can you see me at all?

Nowhere man, don't worry,
Take your time, don't hurry,
Leave it all till somebody else
Lend you a hand.

Doesn't kave a point of view,
Knows not where he's going to,
Isn't he a bit like you and me?

He's a real nowhere man,
Sitting in his nowhere land,
Making all his nowhere plans
For nobody. “

Não deixa de dar que pensar se muitos de nós, não partilhamos mais ou menos conscientemente este tipo de atitude. Pode parecer estranho que uma canção publicada há 42 anos tenha alguma verosimilhança na actualidade, mas se pensarmos com algumas calma talvez não seja tão absurdo como à primeira vista o poderia parecer. Muitos de nós, talvez muitos mais do que nos atreveríamos a supor vivem no estado de alheamento quase total, como que anestesiados de tudo o que acontece à sua volta, até porque essa pode ser a maneira mais cómoda de viver. Como os mesmos Beatles cantavam em 1967 em Strawberry Fields Forever "living is easy with eyes closed, misunderstanding all you see". Quantas vezes no meio de mil preocupações constantes com a vida diária (casa, emprego, família etc.) a nossa disponibilidade mental para outro assunto para além do nosso pequeno mundo virtualmente desaparece, não queremos saber de nada, nem de onde viemos e muito menos para onde vamos. Somos voluntariamente os piores cegos, porque nos recusamos a ver até mesmo o que se passa debaixo do nosso nariz porque a nossa cabeça está tão cheia, que somos alheios a tudo, como se não vivêssemos neste mundo. Não queremos saber de nada, não pensamos nada sobre nada (pensaremos de todo alguma coisa?) e acabamos talvez por perder uma grande oportunidade de fazer alguma coisa pelo mundo e também por nós mesmos.