Continuando a ideia dos posts anteriores, escolhi para comentar hoje uma canção chamada She's leaving home, do album Sergeant Peppers lonely hearts club band, considerado unanimemente a obra-prima dos Beatles. Apesar de ter sido publicada em 1967 (e aproveito a ocasião para prestar homenagem aos 40 anos deste álbum) trata na minha opinião de um tema extremamente actual, que são as relações familiares, nomeadamente a relação entre pais e filhos.
"Wednesday morning at five o'clock as the day begins
Silently closing her bedroom door
Leaving the note that she hoped would say more
She goes downstairs to the kitchen clutching her handkerchief
Quietly turning the backdoor key
Stepping outside she is free.
She (we gave her most of our lives)
Is leaving (sacrificed most of our lives)
Home (we gave her everything money could buy)
She's leaving home after living alone
For so many years. (bye, bye)
Father snores as his wife gets into her dressing gown
Picks up the letter that's lying there
Standing alone at the top of the stairs
She breaks down and cries to her husband
Daddy our baby's gone!
Why would she treat us so thoughtlessly?
How could she do this to me?
She (we never though of ourselves)
Is leaving (never a thought for ourselves)
Home (we struggled hard all our lives to get by)
She's leaving home after living alone
For so many years. (bye, bye)
Friday morning at nine o'clock she is far away
Waiting to keep the appointment she made
Meeting a man from the motor trade.
She (what did we do that was wrong?)
Is having (we didn't know it was wrong)
Fun (fun is the one thing that money can't buy)
Something inside that was always denied
For so many years.
She's leaving home bye, bye. "
De todas as canções dos Beatles, esta foi provavelmente aqula que mais me marcou. Partindo de um trocadilho entre os verbos “to leave” (partir) e “to live” (viver) conta-nos a história de uma rapariga que se sentia totalmente só e por isso resolveu sair de casa para grande desespero dos seus pais. Ela toma esta decisão porque na sua casa ninguém parecia minimamente preocupado com o seu bem-estar ou com os seus sentimentos. Apesar do simbolismo hippie que possa ser atribuído a esta canção, os casos de crianças e jovens cujas vidas familiares deixam muito a desejar não deixam de ser um tema pertinente hoje, tal como certamente o seriam em 1967. Quando ouvimos falar em abandono pensamos no sentido literal do termo, mas o abandono também pode ser psicológico, se os pais são seres permanentemente ausentes, com quem os filhos não conseguem manter qualquer tipo de proximidade. A educação, afinal de contas, não é apenas uma questão de dinheiro: a atenção, o carinho e o respeito mútuo não estão à venda. E não é tão raro como se possa pensar vermos muitos pais que se limitam a comprar os filhos, muitas vezes movidos por sentimentos de culpa de não lhes darem atenção que gostariam (até porque muitas vezes não o conseguem pelas mais variadas razões, ninguém disse que educar um filhos era uma tarefa fácil) e que compram aos filhos tudo o que eles pedem, deixando-se manipular totalmente pelos caprichos dos filhos e sendo incapazes de lhes incutir quaisquer valores. Ou então têm uma relação de tal modo fria com os filhos (muitas vezes com as melhores intenções e sem noção nenhuma das consequências) que estes são estranhos na suas própria casa, a família só o é no papel, não no verdadeiro sentido do termo. Sobretudo porque o afecto e atenção deveriam estar acima de tudo, afinal há coisas que o dinheiro não compra e há muita coisa que não se vê mas que faz muita falta, e cujo valor não deve nunca ser menosprezado.
Silently closing her bedroom door
Leaving the note that she hoped would say more
She goes downstairs to the kitchen clutching her handkerchief
Quietly turning the backdoor key
Stepping outside she is free.
She (we gave her most of our lives)
Is leaving (sacrificed most of our lives)
Home (we gave her everything money could buy)
She's leaving home after living alone
For so many years. (bye, bye)
Father snores as his wife gets into her dressing gown
Picks up the letter that's lying there
Standing alone at the top of the stairs
She breaks down and cries to her husband
Daddy our baby's gone!
Why would she treat us so thoughtlessly?
How could she do this to me?
She (we never though of ourselves)
Is leaving (never a thought for ourselves)
Home (we struggled hard all our lives to get by)
She's leaving home after living alone
For so many years. (bye, bye)
Friday morning at nine o'clock she is far away
Waiting to keep the appointment she made
Meeting a man from the motor trade.
She (what did we do that was wrong?)
Is having (we didn't know it was wrong)
Fun (fun is the one thing that money can't buy)
Something inside that was always denied
For so many years.
She's leaving home bye, bye. "
De todas as canções dos Beatles, esta foi provavelmente aqula que mais me marcou. Partindo de um trocadilho entre os verbos “to leave” (partir) e “to live” (viver) conta-nos a história de uma rapariga que se sentia totalmente só e por isso resolveu sair de casa para grande desespero dos seus pais. Ela toma esta decisão porque na sua casa ninguém parecia minimamente preocupado com o seu bem-estar ou com os seus sentimentos. Apesar do simbolismo hippie que possa ser atribuído a esta canção, os casos de crianças e jovens cujas vidas familiares deixam muito a desejar não deixam de ser um tema pertinente hoje, tal como certamente o seriam em 1967. Quando ouvimos falar em abandono pensamos no sentido literal do termo, mas o abandono também pode ser psicológico, se os pais são seres permanentemente ausentes, com quem os filhos não conseguem manter qualquer tipo de proximidade. A educação, afinal de contas, não é apenas uma questão de dinheiro: a atenção, o carinho e o respeito mútuo não estão à venda. E não é tão raro como se possa pensar vermos muitos pais que se limitam a comprar os filhos, muitas vezes movidos por sentimentos de culpa de não lhes darem atenção que gostariam (até porque muitas vezes não o conseguem pelas mais variadas razões, ninguém disse que educar um filhos era uma tarefa fácil) e que compram aos filhos tudo o que eles pedem, deixando-se manipular totalmente pelos caprichos dos filhos e sendo incapazes de lhes incutir quaisquer valores. Ou então têm uma relação de tal modo fria com os filhos (muitas vezes com as melhores intenções e sem noção nenhuma das consequências) que estes são estranhos na suas própria casa, a família só o é no papel, não no verdadeiro sentido do termo. Sobretudo porque o afecto e atenção deveriam estar acima de tudo, afinal há coisas que o dinheiro não compra e há muita coisa que não se vê mas que faz muita falta, e cujo valor não deve nunca ser menosprezado.