terça-feira, 29 de janeiro de 2008

Reciclagem musical VIII

Englishman in New York é um dos grandes sucessos do músico inglês Sting, do seu álbum de estreia Nothing Like The Sun de 1987. Apesar de referir especificamente a um famoso excêntrico inglês chamado Quentin Crisp que se mudara para Nova Iorque, com o objectivo de escapar a homofobia da sua terra natal, esta canção tem uma letra muito interessante que vale a pena ler com atenção.

Englishman in New York

I don't drink coffee I take tea my dear
I like my toast done on one side
And you can hear it in my accent when I talk
I'm an Englishman in New York

See me walking down Fifth Avenue
A walking cane here at my side
I take it everywhere I walk
I'm an Englishman in New York

I'm an alien
I'm a legal alien
I'm an Englishman in New York
I'm an alien
I'm a legal alien
I'm an Englishman in New York

If, "Manners maketh man" as someone said
Then he's the hero of the day
It takes a man to suffer ignorance and smile
Be yourself no matter what they say

I'm an alien
I'm a legal alien
I'm an Englishman in New York
I'm an alien
I'm a legal alien
I'm an Englishman in New York

Modesty, propriety can lead to notoriety
You could end up as the only one
Gentleness, sobriety are rare in this society
At night a candle's brighter than the sun

Takes more than combat gear to make a man
Takes more than a license for a gun
Confront your enemies, avoid them when you can
A gentleman will walk but never run

If, "Manners maketh man" as someone said
Then he's the hero of the day
It takes a man to suffer ignorance and smile
Be yourself no matter what they say

I'm an alien
I'm a legal alien
I'm an Englishman in New York
I'm an alien
I'm a legal alien
I'm an Englishman in New York

Na minha interpretação este poema foca dois temas interessantes. Por um lado, a intolerância e o isolamento social e por outro lado algumas das fragilidades e aspectos negativos da sociedade americana. Sobre o primeiro aspecto foca a incompreensão e o distanciamento entre uma pessoa e o mundo a sua volta que não o compreende nem respeita, mas que também não é compreendida. Há um certo corte relações entre as ambas as partes num diálogo se surdos de desprezo mutuo, em que apenas uma grande dose de estoicismo e alguma altivez permite conviver com a intolerância e a incompreensão a que são votadas injustamente muitas pessoas tendo para o sociedade o mesmo afastamento que esta tem dele. Lembrando um pouco as palavras do filosofo francês Albert Camus que definia o absurdo como a quebra de relações entre o ser humano e o mundo á sua volta devido as exigências racionais do primeiro a irracionalidade do segundo. Neste caso o mundo é mais tacanho do que propriamente irracional, incapaz de entender outras perspectivas que não caibam na sua estrutura rigidamente hierarquizada e organizada. O problema de todas as estruturas rígidas é serem limitativas. Nem todas as pessoas se sentem bem metidas em certos modelos predefinidos, e nem todos aceitam as normas impostas sem discussão. Tornam-se outsiders, olhados com mais ou menos desconfiança, mais ou menos alvo do preconceito geral, são um pouco com aliens num mundo que não sentem como seu. No segundo tema, dá que pensar em mentalidade americana (que chega até nos através das noticias todos os dias) e faz-me uma certa impressão todo o seu convencionalismo e rigidez moralista (parece importar mais a vida privada e a personalidade das pessoas do que a sua capacidade de executarem a tarefa a que se propõem) na sua obsessão pelas armas (é virtualmente possível ter um autentico arsenal de guerra em casa e aparentemente ninguém se preocupa com as eventuais consequências disso) e belicismo excessivo e muitas vezes despropositado e desproporcionado, cujas consequências estão bem à vista.

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