Continuando a reciclagem musical anterior, trago mais uma musica do cantor português Sérgio Godinho, desta vez do seu álbum de 1978, “Pano cru” e que se chama “O primeiro dia”. Esta musica e muito conhecida da generalidade das pessoas, e é também na minha opinião uma canção muito interessante que merece alguma atenção.
“O primeiro dia”
A princípio simples anda-se sozinho
passa-se nas ruas bem devagarinho
está-se bem no silêncio e no burburinho
bebem-se as certezas num copo de vinho
e vem-nos memória uma frase batida
hoje o primeiro dia do resto da tua vida
hoje o primeiro dia do resto da tua vida
Pouco a pouco o passo faz-se vagabundo
dá-se a volta ao medo e dá-se a volta ao mundo
diz-se do passado que está moribundo
bebe-se o alento num copo sem fundo
e vem-nos memória uma frase batida
hoje o primeiro dia do resto da tua vida
hoje o primeiro dia do resto da tua vida
E então que amigos nos oferecem leito
entra-se cansado e sai-se refeito
luta-se por tudo o que se leva a peito
bebe-se e come-se se algum nos diz bom proveito
e vem-nos memória uma frase batida
hoje o primeiro dia do resto da tua vida
hoje o primeiro dia do resto da tua vida
Depois vêm cansaços e o corpo fraqueja
olha-se para dentro e já pouco sobeja
pede-se o descanso por curto que seja
apagam-se as duvidas num mar de cerveja
e vem-nos memória uma frase batida
hoje o primeiro dia do resto da tua vida
hoje o primeiro dia do resto da tua vida
E enfim duma escolha faz-se um desafio
e enfrenta-se a vida de fio a pavio
navega-se sem mar sem vela ou navio
bebe-se a coragem até dum copo vazio
e vem-nos memória uma frase batida
hoje o primeiro dia do resto da tua vida
hoje o primeiro dia do resto da tua vida
Entretanto o tempo fez cinza da brasa
outra maré cheia virá da maré vaza
nasce um novo dia e no braço outra asa
brinda-se aos amores com o vinho da casa
e vem-nos memória uma frase batida
hoje o primeiro dia do resto da tua vida
hoje o primeiro dia do resto da tua vida
A vida é feita de ciclos, de ciclos que se vão fechando à medida que novos ciclos se abrem. Começamos por ter um mundo de certezas de passos cautelosos que rapidamente se tornam em ambições de querer mudar tudo de grandes sonhos e ideais pelos quais lutar. Mas na vida também é feita de sombras e mais tarde ou mais cedo, acabamos por questionar a nossa rota, se não teremos já perdido o rumo há muito. È então que urge voltar à realidade e perseguir desta vez um objectivo definido e concreto e traçar um rumo do qual não nos desviaremos. E no fim, com alguma sorte, poderemos olhar para trás e achar que valeu a pena e vermos a vida fluir ao seu ritmo. E assim se abrem e fecham ciclos, em cada um deles se inicia uma nova etapa e cada dia na nova etapa é facto o primeiro dia do resto da nossa vida.
segunda-feira, 27 de abril de 2009
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