terça-feira, 18 de novembro de 2008

Decompondo o arco-iris

Em meados de Julho deste ano eu li um livro muito interessante chamado Decompondo o arco-íris da autoria do biólogo inglês Richard Dawkins. No entanto foram as primeiras linhas deste livro ficaram na minha memória. Rezava assim:

Vamos morrer e isso faz de nós uns felizardos. A maior parte das pessoas nunca irá morrer porque nunca chegará a nascer. O número de pessoas que podia estar aqui no meu lugar, mas que de facto nunca verá a luz do dia excede os grãos de areia do deserto da Arábia. Certamente esses fantasmas não nascidos incluem poetas mais sublimes do que Keats, cientistas mais notáveis que Newton. Sabemo-lo porque o conjunto de pessoas que existem e existiram constitui uma ínfima parte do que é permitido pelo nosso ADN. Contrariando estas probabilidades assombrosas, somos nós que na nossa normalidade, estamos aqui.” Richard Dawkins, Decompondo o arco-íris, capitulo 1

Todos vamos morrer um dia pelo simples facto de estarmos vivos. Essa é a única condição para morrermos. A morte é outra face da vida, tão indissociável dela como o dia o é da noite. E assim é para todos os organismos vivos. A evolução pode permitido que nos tornássemos mais complexos, que pudéssemos ter uma consciência diferente do mundo à nossa volta, mas somos construídos pelo mesmo que o é o mundo vivo e mesmo não-vivo à nossa volta. E no nosso lugar poderia estar hoje em dia alguém completamente diferente de nós apenas algo no passado tivesse sido ligeiramente diferente. Mas existimos, é um facto, somos nós que estamos aqui, e não qualquer outra pessoa. Não como resultado de uma desígnio predefinido, mas apenas resultado de uma longa cadeia de eventos favoráveis. Sem nenhum propósito ou intenção em particular, a nossa vida não tem em si nenhum sentido ou significado que não seja aquele que nós lhe atribuirmos, através do caminho que decidimos percorrer. Claro que somos limitados pelas circunstâncias, pela sociedade em que vivemos, pelas pessoas à nossa volta, pelo acaso, pelo tempo, pelo espaço. Mas há que sobra disso que nos compete a nos determinar o que fazer com volta da roleta russa da existência que nos permitiu estar aqui e agora e poder viver durante algumas décadas neste mundo. O único que temos ou iremos ter.

1 comentário:

Geraldo Porto disse...

Olá Teresa, pelo visto vc está em Portugal, certo?
Estou hoje, eu aqui no Brasil, comprando esse livro também mas, antes de concluir minha compra, fiz uma busca no Google e achei o seu post. Nos conte mais sobre o livro, o que achou, qual foi o impacto em vc depois que acabou de ler, etc.

Se vc estivesse no Brasil, talvez até pudéssemos cogitar numa troca de livros, já que eu acabei de ler "Deus, um delírio".

Abraço,

Geraldo