Esta 21ª reciclagem musical é a continuação da anterior, uma vez que escolhi mais uma canção do terceiro álbum dos britânicos Keane, Perfect Symmetry (2008), chamada Playing along, que, na minha opinião, descreve de um modo extraordinariamente preciso o estado de alienação em que as muitas pessoas acabam por se refugiar quando se deparam com uma realidade que as assusta e que tantas vezes foge à sua compreensão.
“Playing along”
At the start of the news day
The fires beginIn words and in pictures
But I'm not listening
I'm not taking it in
I'm going to go to the country
Where nothing goes on
Going to bury my head
Where I can't hear the sound of bombs
Playing along
Me, I'm just playing along
You and I, so many good people
All just playing along
I'm going to go to a bar
Where the jukebox is on
Going to shut out the noise
With a rock 'n' roll song
Playing along
I'm going to turn up the volume
I'm going to turn up the volume
I'm going to turn up the volume
Till I can't even think
Tell us a tale of the proud and the free
Sing us a swing time American melody
From “Follow The Fleet”
Me, I'm just playing along
You and I, a billion people
All just playing along
I'm going to turn up the volume
I'm going to turn up the volume
I'm going to turn up the volume
Till I can't even think
Todos os dias somos bombardeados com notícias do que se passa no mundo. Através da televisão entram nas nossas vidas as tragédias ocorridas por esse mundo fora, chegam-nos imagens de uma grande violência que nos impressionam, que nos assustam, que nos chocam profundamente. E encontram-se tão longe da nossa realidade que não nos parecem possíveis de ocorrer no mesmo que nos vamos vivendo calmamente o nosso dia-a-dia. Acabamos por vê-las um pouco como se de um filme ou de pesadelo animado se tratassem, desligamos do seu conteúdo, estamos demasiado longe (ou queremos acreditar que estamos) para tomarmos verdadeiramente consciência do quem significam do que realmente esta a acontecer algures e tudo o que isso possa implicar. Desligamos do mundo, refugiando-nos na nossa realidade protegida, ocupando a nossa mente com a realidade a nossa volta, tentando inconscientemente, criar ruído de fundo que abafe os nossos sentimentos, que nos proteja da angustia de algo que nos perturba, que tantas vezes nos soa irracional e absurdo, tanto quais absurdas nos soam as explicações destinadas a justificar o injustificável. E assim vamos vivendo, tantos de nós, centenas, milhares, milhões de boas pessoas, dia após dia, flutuando na corrente, deixando-nos levar, fechados na nossa concha, somos os piores cegos por não querermos ver o que nos é posto à frente todos os dias.
sábado, 6 de dezembro de 2008
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