quinta-feira, 5 de julho de 2007

Reciclagem musical

Durante os últimos tempos dediquei-me a organizar as músicas que os meus pais costumavam ouvir quando eu era criança e inclui-las nas minhas playlists electrónicas. Por entre essas canções recordei-me de uma de que eu gostava particularmente chamada The sound of silence do Simon and Garfunkel que o meu pai tanto gosta. Esta é a letra dessa canção:

“Hello darkness, my old friend,
I've come to talk with you again,
Because a vision softly creeping,
Left its seeds while I was sleeping,
And the vision that was planted in my brain
Still remains
Within the sound of silence.
In restless dreams
I walked alone
Narrow streets of cobblestone,
Beneath the halo of a street lamp,
I turned my collar to the cold and damp
When my eyes were stabbed by the flash of
a neon light
That split the night
And touched the sound of silence.
And in the naked light I saw
Ten thousand people, maybe more.
People talking without speaking,
People hearing without listening,
People writing songs that voices never share
And no one dared
Disturb the sound of silence.
"Fools" said I, "You do not know
Silence like a cancer grows.
Hear my words that I might teach you,
Take my arms that I might reach you."
But my words like silent raindrops fell,
And echoed
In the wells of silence
And the people bowed and prayed
To the neon god they made.
And the sign flashed out its warning,
In the words that it was forming.
And the signs said,
T he words of the prophets
are written on the subway walls
And tenement halls.
And whispered in the sounds of silence.”

Esta canção tinha e tem para mim um grande significado. Apesar de já ter sido escrita há algumas décadas remete-nos para algo extremamente próximo: a solidão urbana. Vivemos no reino do silêncio, do vazio das palavras humanas. Estamos sozinhos num mundo barulhento, frívolo, solitário e egoísta, em que se vive para o imediato, em que depressão se tornou quase banal. As luzes de néon são nesta canção o símbolo desse mundo, em que vivemos, muitas vezes indiferentes a tudo. Conforta-me que existam canções assim, com as quais podemos aprender a pensar a ganhar outra consciência do mundo, e talvez assim possamos mudá-lo.

1 comentário:

Unknown disse...

Dei uma espreitadela pelo blog,e logo no primeiro post que li senti que não podia passar à frente sem deixar um pequeno comentário, ou não tivesse eu vivido algo semelhante! Desde pequena o meu pai me mostrou muitas músicas que o marcaram, incluindo a referida de Simon & Garfunkel. O que é certo, é que todas elas acabaram por conquistar pequenos cantinhos no meu coração,normalmente por causa da melodia... Quando comecei a compreender as letras, acabei por fazer uma espécie de selecção interior (se é que isto faz algum sentido) e além de toda a letra desta música,a expressão "Sound of Silence" é das mais bonitas que já ouvi. Quem disse que "Cellar Door" era a expressão mais perfeita a nível métrico e sonoro de toda a língua inglesa, deveria ter ponderado também a beleza filosófica (ou a simplicidade cativante) de "Sound of Silence"...