Todos os anos por esta altura se reacende a discussão que envolve a tradição académica em geral e a praxe em particular. A minha preguiça impediu-me de vir escrever sobre este assunto, até que o blog da má-língua oficial da FML (o famoso fractura exposta) me forçou a uma reflexão mais séria sobre este assunto e me levou a escrever este post.
Antes de mais, convêm esclarecer a minha posição nesta matéria: eu sou contra a praxe. Contudo a minha posição é apenas a minha e tenho a noção de que e pouco convencional e pouco ortodoxa. Eu não defendo que se ignorem os novos alunos: agora o modo como essa recepção é feita e que penso que poderia e deveria mudar radicalmente. Afinal se somos todos adultos porque não nos limitamos a conversar civilizadamente com os novos alunos, colocando-nos à sua disposição para ajudar naquilo que a nossa experiência permitir. Poder-se-iam organizar todo o tipo de eventos, sem incluir os habituais rituais de cantorias e jogos de um gosto duvidoso. Em suma fazer algo mais inteligente e com alguma utilidade. A maioria das pessoas pensa que sem a praxe as pessoas não se conheceriam e não se integrariam sem o suposto espírito de camaradagem criado pela praxe. A mim estes argumentos estão longe de me convencer. Soam-me antes a uma espécie de lavagem ao cérebro que pelos vistos tem tido um imenso sucesso. Mas eu não sou apreciadora de chavões nem de lavagens ao cérebro e semelhantes premissas são desmentidas pela minha experiência pessoal: não conheci nenhum dos meus actuais amigos na praxe e o facto de não ter ido a muitas das sessões de praxe em nada dificultou a minha integração nem comprometeu o meu futuro na FML. Não pensem no entanto que eu sou fundamentalista: eu posso ser contra a praxe enquanto conceito: considero-a desnecessária e estúpida. Contudo eu sei que há praxe e praxe. Há praxe que e relativamente inofensiva e há praxe que de inofensivo não tem nada e que na minha opinião deveria ser proibida ou mesmo punida porque há muita coisa que é inaceitável por motivos de civismo até porque já existiram praxes com resultados trágicos (alguma pessoas tiveram de ser hospitalizadas ou mesmo morreram). Eu reconheço que existem pessoas que gotas da praxe tal como ela existe actualmente e não tenho nada que se organizem sessões de praxe, contudo penso que deveriam ser realmente facultativas (ou seja não coincidam com matriculas ou outras obrigações que façam com que as pessoas se desloquem a faculdade) e sejam anunciados como tal: mentir as pessoas e desonesto e indecente - ninguém gosta de ser enganado, creio eu.
Quanto aos movimentos anti tradição académica embora eu concorde em geral com as suas opiniões, desagrada-me o seu discurso demasiado político e a sua maneira de acção no terreno: não é a discutir num corredor apinhado de gente para se matricular que se vai resolver alguma coisa. Isto já para não mencionar que as suas opiniões não lhes dão o direito de desrespeitar os alunos mais velho só porque eles se encontram vestidos com o traje académico, sobretudo sem saberem nada das suas acções ou convicções. E não vejo nada de errado em as pessoas usarem o traje académico, mesmo se não forem praxar por não concordarem com a maneira com a recepção é feita, como é o meu caso – eu fui a minha faculdade conversar com os novos alunos e dar-lhes alguns conselhos que me pareceram úteis, além de lhes mostrar a organização da faculdade, uma vez que considero que isso é importante para estes.
quinta-feira, 5 de julho de 2007
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