quinta-feira, 5 de julho de 2007

Os melhores portugueses

Se existem programas de televisão que me deixam algo estupefacta, bom certamente que “os melhores portugueses” é um deles. A ideia de seleccionar e hierarquizar as pessoas que seriam os “melhores portugueses”. Mas o que são ou é suposto serem os “grandes portugueses”? Se já uma questão como a melhor canção seria suficientemente ambígua, então como abarcar toda a diversidade existente na nossa historia sob um critério de uniformidade, e tentando estabelecer uma hierarquia? Se nada existe de comparável, então como estabelecer o que se considera mais relevante? Seria um pouco como tentar comprar uma torradeira com um aspirador e decidir qual o mais importante. No mínimo, de uma lógica duvidosa. Contudo existe ainda outra questão: o que se considera meritório na acção humana. Existe todo um espectro de obras marcantes para a sociedade, dentro do contexto temporal e espacial a que se adequam. Não se pensa hoje da mesma maneira que se pensava noutras épocas e essas e as circunstancias marcam as prioridades próprias de cada época. Mas não só o tempo condiciona a acção, também as possibilidades de acção de cada um. Afinal muitos anónimos podem ter feito muito pelo seu pequeno mundo, sem estarem destinados a ser recordados nas páginas da História. E afinal quem somos nós para julgar a humanidade da qual fazemos parte mas cuja natureza estamos ainda tão longe de entender?

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