quinta-feira, 5 de julho de 2007

Viagem de todos os dias

Todos os dias a rotina se repete. Saio de casa por volta das 9, mais cedo ou mais tarde conforme foi maior ou menor a preguiça. Dirijo-me para a paragem do autocarro e fico ali à espera que ele chegue. Vou ouvindo música e olhando para o relógio, quando me lembrei de o pôr, até aparecer o meu autocarro. Abstraio-me da realidade à minha volta: das crianças da escola de primária com as suas brincadeiras ruidosas, do cheiro a pão quente da pastelaria de Carnide, dos carros que passam demasiado depressa como se quisessem evitar a todo o custo o semáforo vermelho ao fundo da rua. Quando finalmente entro no autocarro, tento sentar-me à janela e vou vendo a paisagem. Ou alias: olho mas não vejo. Não preciso aliás de olhar com atenção. A paisagem repete-se todos os dias, como que para me assegurar que este é um dia igual a tantos outros antes dele e tantos outros que aí virão. De certo modo, esta viagem traz-me uma certa paz. Dá-me a ilusão de ordem, de ritmo próprio da vida à minha volta. Afasta-me de tudo o que virá a seguir que precisará de toda a minha atenção. Finalmente acabo por chegar ao meu destino. O autocarro pára à porta do hospital, onde eu poderia entrar de olhos fechados que não me perderia. Eu percorro os corredores de modo automático até finalmente chegar ao Edifício Egas Moniz. Procuro quase instintivamente por alguém conhecido, chega a ser estranho como um sorriso amigável de um dos meus colegas pode fazer milagres pela minha disposição matinal. E começa mais um dia...

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