Todos nós passamos a nossa vida em diferentes espaços. Alguns apenas de passagem que nada significam para nós, outros locais de passeio dos quais guardamos imagens na memoria ou nos álbuns de fotografias, outros ainda lugares onde passamos e grande parte da nossa vida, e que se encontram cheios das nossas recordações de dias ali passados.
Entre os lugares que mais recordações me trazem encontram-se, por motivos não muito difíceis de descortinar, as escolas por onde eu passei. Recordações vagas e difusas de anos mais longínquos, recordações dolorosas de uma nitidez dilacerante, e recordações felizes que me fazem sorrir a distância. Cenários que eu revejo mentalmente de cada vez que me dedico a pensar no meu passado próximo e distante. Lembro-me de pormenores insignificantes que outrora fizeram parte dos meus dias: como eram as cadeiras e as mesas, como era o refeitório, o recreio etc. A certa altura deixo de reparar naquilo que sei que me espera todos os dias segura que tudo estará na mesma todos os dias se repetem com os meus caminhos, que se tornam tão familiares que os poderia fazer de olhos fechados. Cenários que podiam ser tristes mas que fazem lembrar de coisas felizes, e outros que deveriam ter sido felizes mas onde eu nunca mais quero voltar por guardarem demasiadas más recordações, outros onde eu fui feliz e infeliz em tempos diferentes e que me são estranhamente indiferentes. Cenários que tantas vezes parecem repetir-se com o bolero em subtis transformações de um mesmo tema em que tudo muda sem contudo nunca mudar.
A rotina é, sem duvida um instrumento poderoso: repete-se constantemente, previsível, em dias que se sucedem iguais, mais cinzentos se chove ou se estou triste ou alguém à minha volta o está, menos cinzentos se está sol ou se alguém sorri. As pessoas à minha volta transformam o cenário em que eu vivo, ou constroem-no tornando-o feliz ou deprimente, afinal o um lar só o é quando abriga as nossas recordações (“an empty house is not a home”) e só nos é familiar aquilo que transporta consigo o seu significado. Cada vez que entro em sítios onde por um dia me senti feliz sinto-me em casa. Afinal penso que descobri o que é pertencer a algum lugar
quinta-feira, 5 de julho de 2007
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